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BAM Ireland

A aprendizagem automática ajuda os construtores a melhorar a qualidade da construção e a evitar custos e riscos para a segurança

O futuro da construção

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Imagem cedida pelo Royal BAM Group

A Inteligência Artificial e o BIM tornam a construção mais inteligente, segura e sustentável

Uma economia desafiadora e o desejo de melhoria contínua inspiraram a empresa de engenharia e construção BAM Ireland, uma empresa do Royal BAM Group, a iniciar uma transformação tecnológica para aumentar a eficiência e o desempenho. Anos mais tarde, o percurso digital da BAM Ireland acabou por culiminar na adoção do BIM (Modelo de informação da construção), da IA na construção e da aprendizagem automática, cuja combinação transformou as particularidades dos dados de construção em vantagens concretas para os clientes, os trabalhadores, o ambiente e, por fim, o objetivo principal.

O projeto Brewery Quarter da BAM, em Cork, preserva o já existente Counting House, construção do século XVII (à esquerda) e constrói, nas proximidades, um novo dormitório para estudantes com 400 quartos. Imagem cedida pelo Royal BAM Group.

Encontrar melhores formas de construir a Irlanda

A Irlanda é um local com vastos tesouros arquitetónicos, desde castelos imponentes e elegantes construções de estilo georgiano a torres de escritórios inovadoras e de última geração. Claramente, os irlandeses sabem construir. Mas, numa cultura com tradições de construção tão enraizadas, poderão os construtores dos nossos dias aprender novas formas de trabalhar?

A BAM Ireland é a prova viva de que sim. Foi fundada em 1958, com o nome Ascon Contractors e, em 2008, mudou o nome para BAM Contractors. A empresa foi criada a partir de um empreendimento conjunto entre os Países Baixos e a Irlanda para construir a ponte de Wexford na Irlanda e, atualmente, é considerado o maior empreiteiro de engenharia civil e obras públicas do país. A BAM Ireland é conhecida pelo seu longo historial de evolução no sentido de ir ao encontro das necessidades de novos clientes, setores e tipos de projetos, mas também no sentido de utilizar novas tecnologias.

"Nos últimos seis anos, dedicámos toda a nossa atenção à esfera da construção e intensificámos imenso a utilização de tecnologia", afirma Michael Murphy, gestor de operações de construção digital. "A nossa essência é fazer as coisas da melhor forma, fazer coisas melhores e fazer coisas novas já. É esse o nosso mantra."

Paixão pela inovação

A BAM Ireland começou a utilizar tecnologia, a sério, em 2013. "Na altura, a Irlanda estava a começar a emergir de um período difícil" relembra Murphy. "Estávamos a recuperar de uma grande recessão e as margens dos projetos eram muito reduzidas. Era difícil conseguirmos a adjudicação de um trabalho. Também corríamos muitos riscos com os nossos projetos, portanto a organização procurava ativamente melhores formas de trabalhar e formas mais inteligentes de apresentar resultados ao nível da construção."

No que diz respeito à tecnologia, a empresa não viu apenas as vantagens a curto prazo, mas também as possibilidades inerentes a longo prazo. "Uma das características que nos distingue no nosso setor é que nos preocupamos com a vida útil," continua Murphy. "É frequente a BAM participar em Parcerias público-privadas (PPP), onde também gerimos o património por um período que pode ir até 25 anos", assumindo as responsabilidades de operação e manutenção após a construção do património público. "É por esse motivo que temos um interesse pessoal em utilizar novas tecnologias, para agregar valor aos nossos projetos. Esta característica, transforma-nos num verdadeiro centro de inovação."

O tribunal de Cork foi renovado e ampliado pela BAM, como parte de um projeto de PPP. A empresa também irá oferecer a gestão das instalações durante 25 anos. Imagem cedida pelo Royal BAM Group.
Simon Tritschler, especialista em desenvolvimento técnico na BAM Ireland, analisa o painel de instrumentos do BIM 360 Insight, para o projeto Brewery Quarter. Imagem cedida pelo Royal BAM Group.

Os problemas inerentes a um fluxo de trabalho baseado no papel

Os objetivos de minimizar os riscos do projeto e otimizar a construção foram os fios condutores da BAM Ireland durante os primeiros passos da sua caminhada digital. "Retirar o risco aos projetos através da criação de réplicas digitais faz muito sentido, pois podemos efetuar ensaios gerais nas construções de forma a simular todos os possíveis cenários de como irão comportar-se e de como será, de facto, edificá-las num determinado local", explica Murphy.

Mas simular uma construção otimizada não era suficiente. A BAM também precisava de monitorizar a construção real e teria de o fazer durante todo o seu portefólio de projetos ativos. Com os fluxos de trabalho existentes, esse processo mostrou-se ser pouco prático, pois as equipas recolhiam dados da construção em papel que eram guardados nos locais das obras em resmas de ficheiros e pastas.

"Precisávamos de descobrir uma forma de pesquisar os projetos e de verificar onde se encontravam os pontos problemáticos", afirma Simon Tritschler, especialista em desenvolvimento técnico, que compara os fluxos de trabalho manuais da empresa a um celeiro antigo e desorganizado. "É como se tivessem enfiado coisas dentro do celeiro durante anos a fio e, quando abrimos a porta, cai-nos tudo em cima."

A transformação digital começa com uma limpeza

Na procura de fluxos de trabalho digitais, a BAM Ireland adotou o BIM 360 (inglês) e a limpeza digital foi o primeiro passo desse processo. "Fizemos uma limpeza ao celeiro e colocámos tudo no seu devido lugar.", afirmou Tritschler, cuja equipa detetou a existência de vários sinais de alerta durante a importação de projetos para o BIM 360, incluindo projetos com moradas no estrangeiro e documentação que precisava de ser atualizada ou verificada.

Ao utilizar o módulo Insight no BIM 360 para aceder aos relatórios de dados e aos painéis de instrumentos, a empresa descobriu o problema: não eram os projetos internacionais ou a sua documentação que precisava de ser verificada. Na verdade, eram os gestores de projeto, que estavam contra o progresso digital, que não estavam a recolher os dados de forma estruturada. "Esta descoberta mostrou que, embora tivéssemos um processo digital, este não estava a ser adotado de forma eficiente", explica Tritschler, referindo ainda que a empresa usou esta nova visibilidade para impulsionar o progresso digital, responsabilizando os gestores de projeto.

Agora, sempre que necessário, a empresa integra os dados recolhidos em BIM 360 com modelos no Revit e no Navisworks: “Esta integração serve para atualizar o estado da construção no modelo e integrar os metadados das estruturas entre o modelo e o mundo real", diz Tritschler. "Transferir dados desta forma é perfeito."

Um gestor da obra utiliza um iPad para recolher dados do equipamento no local do projeto Brewery Quarter de construção do dormitório para estudantes. Imagem cedida pelo Royal BAM Group.

Transformar a informação em ação

Para atingir um nível superior de informação sobre o projeto, a BAM Ireland recorreu ao Construction IQ, que aplica algoritmos de aprendizagem automática nos dados sobre a construção no BIM 360, de forma a identificar automaticamente os riscos para a qualidade e a segurança.

Funciona assim: os gestores no local da obra utilizam iPhones e iPads para verificar listas de controlo e identificar problemas na obra, no BIM 360. O Construction IQ aplica modelos de aprendizagem automática para analisar automaticamente os dados e prever quais os problemas que poderão criar mais riscos. As questões prioritárias são apresentadas no painel de instrumentos do Insight através de alertas visuais percetíveis.

Por exemplo, um dos projetos da BAM apresentava vários problemas pendentes, algo que é comum num projeto em curso. Muitos dos problemas, identificados durante as inspeções de qualidade, eram observações relativas a juntas de janelas que não tinham impermeabilização. O Construction IQ classificou corretamente estas observações como risco de infiltração de água e destacou-as como sendo de alto risco. "A melhor parte deste sistema é que analisa todos os nossos projetos.", diz Tritschler. "E está a aprender sobre o que consideramos ser um risco. Os problemas mais prementes são apresentados no início da lista para que possam ser tratados de imediato, enquanto os menos relevantes são enviados para o final da lista."

O painel de instrumentos do Insight no BIM 360 para o projeto Brewery Quarter da BAM Ireland, mostra a análise do Construction IQ sobre a qualidade do solo e os riscos para a segurança. Imagem cedida pelo Royal BAM Group.

Transformar a informação em ação

Para atingir um nível superior de informação sobre o projeto, a BAM Ireland recorreu ao Construction IQ, que aplica algoritmos de aprendizagem automática nos dados sobre a construção no BIM 360, de forma a identificar automaticamente os riscos para a qualidade e a segurança.

Funciona assim: os gestores no local da obra utilizam iPhones e iPads para verificar listas de controlo e identificar problemas na obra, no BIM 360. O Construction IQ aplica modelos de aprendizagem automática para analisar automaticamente os dados e prever quais os problemas que poderão criar mais riscos. As questões prioritárias são apresentadas no painel de instrumentos do Insight através de alertas visuais percetíveis.

Por exemplo, um dos projetos da BAM apresentava vários problemas pendentes, algo que é comum num projeto em curso. Muitos dos problemas, identificados durante as inspeções de qualidade, eram observações relativas a juntas de janelas que não tinham impermeabilização. O Construction IQ classificou corretamente estas observações como risco de infiltração de água e destacou-as como sendo de alto risco. "A melhor parte deste sistema é que analisa todos os nossos projetos.", diz Tritschler. "E está a aprender sobre o que consideramos ser um risco. Os problemas mais prementes são apresentados no início da lista para que possam ser tratados de imediato, enquanto os menos relevantes são enviados para o final da lista."

O impulso da aprendizagem automática

A caminhada digital da BAM Ireland já se alastrou a vários projetos-chave, cada um deles construído com base no anterior, de forma a criar uma cadeia evolutiva de progresso gradual.

O primeiro projeto, o Schools Bundle 4 PPP (uma PPP para a construção de 4 escolas), foi concluído em 2016 e incorporou a projeção, a construção e a operação contínua de quatro escolas secundárias na Irlanda. No projeto seguinte, o Courts Bundle PPP (uma PPP para a construção de 7 tribunais), a BAM Ireland concluiu a renovação, ampliação e reconstrução de sete tribunais do condado, em 2018, ficando também responsável pela gestão contínua das instalações. Os projetos em curso incluem o Brewery Quarter, o dormitório para estudantes em Cork, que ficará concluído em agosto de 2019, e o Boland’s Quay, em Dublin, um enorme projeto de redesenvolvimento da marginal, que inclui um novo complexo de escritórios de tecnologia e a remodelação dos edifícios históricos das docas, com data de conclusão agendada para o final de 2019. Em cada um dos projetos, cada vez mais pessoas integraram progressivamente informações e recursos cada vez mais importantes no ambiente do BIM 360, o que culminou na implementação do Insight e do Construction IQ.

"Temos adquirido conhecimentos sobre os processos digitais de forma autónoma", explica Tritschler, referindo também que o conhecimento tribal faz parte da gestão da mudança. "As equipas que trabalhavam nas escolas passaram para os tribunais e essas mesmas pessoas passaram depois para o Brewery Quarter. Trata-se de uma abordagem muito ágil. A cada passo que damos, amadurecemos."

A construção no projeto Boland’s Quay, no distrito da zona portuária de Dublin, inclui três novos edifícios residenciais e de escritórios desenvolvidos em conformidade com os padrões de eficiência da LEED Gold. Imagem cedida pelo Royal BAM Group.
O projeto Brewery Quarter, relativo ao dormitório para estudantes em Cork, foi praticamente todo desenvolvido a nível digital: todas as listas de controlo, problemas, fotografias, estruturas e comunicações foram recolhidos de forma digital. Imagem cedida pelo Royal BAM Group.

Uma maior visibilidade resulta em melhores decisões

Embora ainda se encontre nos primórdios da sua transformação tecnológica, a BAM Ireland já observa vantagens concretas na utilização de fluxos de trabalho digitais e na utilização do Construction IQ. "O número de questões pendentes reduziu drasticamente." afirma Tritschler. "Aquilo que antes passava despercebido no sistema em papel, agora pode ser detetado e analisado, de forma a ficar resolvido." A empresa verificou uma melhoria de 20% na qualidade e na segurança no local da obra e um aumento de 25% no tempo que a equipa gasta em questões de alto risco. Ambos os fatores resultam de uma tomada de decisões melhorada devido a uma visibilidade alargada dos problemas e dos riscos. “Para nós, a saúde e a segurança são essenciais.” acrescentou Murphy. "Se conseguirmos que os nossos agentes de saúde e segurança no trabalho possam passar mais tempo no local a melhorar a segurança, isso será muito importante para a BAM."

O projeto Brewery Quarter da BAM representa um grande marco para a empresa, pois é 95% digital, o que não o torna apenas mais eficiente, mas também mais sustentável. "Quando entramos no departamento de saúde e segurança na obra, em vez de vermos uma sala cheia de prateleiras repletas de papéis, temos agora apenas algumas pastas. Só guardamos em papel o que é exigido por lei." refere Tritschler. "Tudo o resto é digital."

Utilizar dados durante toda a vida útil do projeto

As vantagens que a BAM retirou dos fluxos de trabalho digitais serão ampliadas em projetos futuros à medida que o Construction IQ continua a analisar os dados da empresa. Tritschler prevê que, quanto mais informações os algoritmos de aprendizagem automática processarem, mais sofisticados ficarão, providenciando cada vez mais conhecimento e ainda melhores decisões para a empresa.

Eventualmente, os dados e as decisões poderão até abranger toda a vida útil do projeto ou, inclusive, de todo o Royal BAM Group. Por exemplo, a aplicação da IA e da aprendizagem automática na manutenção dos dados, poderá ajudar a BAM Ireland a projetar construções tendo em conta a gestão das instalações a longo prazo.

"Em última instância, queremos padronizar os processos por todo o grupo BAM para que, quer estejam na Irlanda, na Inglaterra, no Dubai ou na Antártida, todos usem os mesmos processos. E também queremos acompanhar o grau de eficiência desses processos." explica Tritschler. “Vamos utilizar a aprendizagem automática para compreendermos o que fazemos, como o fazemos e como podemos fazê-lo ainda melhor. É esse o sonho."

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